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PALAVRA DO PÁROCO

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A Palavra de Deus

A Palavra é fonte de alegria indizível!

Ela ilumina a comunidade. Anuncia o Cristo e Sua salvação.

O próprio Cristo é a Palavra que realiza aquilo que é segundo a vontade de Deus inaugurando o tempo da graça como Ele mesmo nos diz no Santo Evangelho desse Domingo.

Acolher a Palavra é experimentar a libertação Salvífica de Deus em nossa vida.

A Palavra orienta-nos a viver segundo a Lei de Deus buscando aquilo que lhe é agradável e santo.

Nossa comunidade é convidada a deixar-se guiar pela Palavra. Somos chamados à obediência à Palavra.

O salmo revela que as palavras do Senhor são espírito e vida. A Palavra anima o homem, o conduz à verdadeira vida. Viver conforme a Palavra é experimentar a vida em abundância, a libertação no Senhor.

A segunda leitura recorda-nos que a Palavra de Cristo deve ser vivida em comunidade. A Palavra convida-nos a viver na comunhão, exercitando o amor mútuo e o serviço; vivida em fraternidade, na partilha e na doação de nossas vidas. E nisso consiste a alegria e a vida concedidas pela Palavra: na capacidade de vivermos como irmãos. Cristo, Palavra de Deus, assim viveu ofertando a sua vida por amor e no amor.

Na Eucaristia, essa Palavra proclamada torna-se para nós Sacramento de Comunhão e de Unidade. A Palavra proclamada, escutada e acolhida tornar-se-á alimento na Eucaristia. Alimento para a unidade e para o serviço. A vida que a Palavra concede-nos não é senão a vida de Cristo em nós. Vida de oferta e sacrifício. Isto é viver a Palavra, no serviço e na caridade. A Palavra anima-nos para a prática do bem.

O Papa Francisco em sua exortação apostólica Evangelii Gaudium recorda-nos que a Palavra deve ser escutada, meditada, vivida, celebrada e testemunhada. Diz-nos que é preciso formar-se continuamente na escuta da Palavra. A Palavra de Deus ouvida e celebrada, sobretudo na Eucaristia, alimenta e reforça interiormente os cristãos e torna-os capazes de um autêntico testemunho evangélico na vida diária. O estudo da Sagrada Escritura deve ser uma porta aberta para todos os crentes. É preciso ter familiaridade com a Palavra de Deus. Familiaridade que se dará no estudo e na leitura orante pessoal e comunitária. Nós não procuramos Deus tateando, nem precisamos esperar que Ele nos dirija uma palavra, porque realmente Deus falou, já não é o grande desconhecido, mas mostrou-Se a Si mesmo. Acolhamos o tesouro sublime da Palavra revelada!

A Igreja venerou sempre as divinas Escrituras como venera o pró­prio Corpo do Senhor, não deixando jamais, sobretudo na sagrada Liturgia, de tomar e distribuir aos fiéis o pão da vida, quer da mesa da palavra de Deus quer da do Corpo de Cristo.

Segundo o evangelista Lucas, Jesus começa sua vida pública com a proclamação da Palavra na sinagoga de Nazaré. Trata-se de um gesto litúrgico; abre sua missão, abrindo o livro da profecia de Isaías: O Espírito do Senhor está sobre mim! O mesmo Espírito que desceu sobre Ele no batismo no Jordão, e o dirige para o deserto, quando tentado pelo diabo, agora o guia na procla­mação da palavra. O Filho encarnado é o ‘livro maior’.

Daquela primeira experiência de proclamação da Palavra, teve início a liturgia da Palavra em nossas assembleias. De fato, todas as vezes que a Palavra é pro­clamada na liturgia, Cristo está presente: Está presente na sua palavra, pois é Ele que fala ao ser lida na Igreja a Sagrada Es­critura.

No livro de Neemias, Esdras, escriba e sacerdote, trouxe a Lei diante da assembleia e leu o livro desde a aurora até o meio-dia, todo o povo ouvia atentamente a leitura do livro da Lei. Temos três ele­mentos: a) a comunidade reunida; b) o livro das Escrituras; c) o leitor que proclama a leitura. Isso se realiza em cada liturgia da Palavra que aqui encontra o seu modelo.

Outro elemento a destacar é a presença do Livro. A Palavra se fez carne no livro... Daí a reverência litúrgica pelo livro como objeto. Diante da assembleia reu­nida, está o Livro que contém a Palavra; livro que não é algo particular, mas é da comunidade, da Igreja. Como em Esdras, assim na sinagoga de Nazaré: evidencia-se a visibilidade do Livro. O livro da lei é elevado aos olhos do povo: manifesta-se, assim, a presença de Deus no meio do seu povo; estar diante do livro da Lei significa estar ‘diante do Senhor’. A Palavra de Deus é algo que deve ser visto, antes de tudo, como livro apresentado à assembleia e, em seguida, ouvido por ela.

Muito significativo é o gesto do diácono entrar com o Evangeliário elevado, mostrando-o ao povo e colocando-o sobre o altar. Significa que a Igreja se coloca atrás de Jesus, quer segui-Lo e que todos podem ler a Palavra e são chamados a segui-la, como ‘Palavra da Salvação’. Colocar o evangeliário sobre o altar significa que tem o mesmo lugar da Eucaristia. O cristão se alimenta do pão da vida da mesa tanto da Palavra de Deus quanto do Corpo de Cristo.  No evangelho de João, ouvimos Jesus dizer: Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna (Jo 6,54), mas também: Quem escuta a minha Palavra... possui a vida eterna (Jo 5, 24).

A razão pela qual se toma o evangeliário do altar é porque os apóstolos receberam o evangelho do altar quando, em sua pregação, anunciaram a paixão do Senhor. O altar é o lugar em que se recorda a paixão do Senhor. O mistério pascal de Cristo é o centro de nossa eucaristia e de nossa vida cristã. São Paulo pregava: A linguagem da cruz para nós é poder de Deus. Nós, porém, anunciamos Cristo crucificado (1 Cor 1,18.23). Evangelho e Cruz são inseparáveis: se expressa, também, pelo sinal da Cruz feito sobre o texto do evangelho por quem o proclama e que, de­pois, junto com os fiéis assinala a fronte, os lábios e o peito, para signifi­car o acesso da Palavra do evangelho às faculdades fundamentais da pessoa: o intelecto, a linguagem e a vontade.

Outro gesto de Jesus na sina­goga, naquele sábado: “Jesus abriu o livro”. Lembremos o que está es­crito em Apocalipse: Quem é digno de romper os selos e abrir o livro? (Ap 5,2), proclama o anjo em voz alta, e quando o Cordeiro toma o livro da mão direita daquele que está sentado no trono (Ap 5,7), entoa-se o canto: Tu és digno de receber o livro e de abrir-lhe os selos (Ap 5,9-10).

O primeiro gesto de Jesus foi o de ‘abrir o livro’; na última Ceia, o seu último gesto será o de ‘abrir’ o pão. Escreve Hugo de São Vi­tor: “Toda a Escritura constitui um único livro e esse livro é Cristo, por­que toda a Escritura fala de Cristo e encontra em Cristo seu cumpri­mento”.

Jesus fechou o livro e o entregou ao servente e sentou-se! São os últimos gestos de Jesus. Então, continua Lucas, os olhos de todos esta­vam fixos nele. O livro é fechado, agora é em Jesus que devem se con­centrar mentes e corações; Ele é a realização das profecias, Ele o intér­prete! Não para um livro deve se dirigir a atenção, mas para uma Pessoa.

Na Palavra, Deus não só ‘fala’ mas entra ‘em diálogo’ com o ser humano. No encontro, a Palavra se torna evento, realidade transformadora. Para ser viva, a Palavra cum­pre o que exprime... Concede-nos, sim, a comunhão com o Pai (cf. Ef 2,18) e nos refaz participantes da vida divina (cf. 2Pd 1,4).

É preciso aproximar-se da Palavra com o coração faminto de ouvi-la.

Os Sacramentos da Igreja só podem ser recebidos por aqueles que concordam com a Palavra. Se nessa Eucaristia, ao escutarmos a Palavra, nos levantamos para dizer “Creio” respondendo positiva e alegremente à Palavra no desejo de vivê-la totalmente em nossa vida, podemos agora aproximarmo-nos do Pão Consagrado e deixar com que a Palavra/ Alimento realize uma obra nova em nós.